DARLI NORONHA
Resumo
Florenzano
modesto -“A Revolução Burguesa”
SÃO JOÃO DA BOA VISTA, SP - 2007.
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Revolução Burguesa
Modesto Florenzano é Bacharelado, fez Graduação e Doutorado de Historia
em 1973, na USP de São Paulo, Pós Graduação em Sociologia na Unicamp em 1976, foi
professor na UNESP de Assis de 1978 a 1979 e a partir desta data até a
atualidade ministra aulas no Colégio Saragana em São Paulo e na USP de São
Paulo na mesma universidade que se formou; fez especialização em história
moderna e contemporânea e atua principalmente na área da história do pensamento
político e revolucionário e desde sua formação profissional vem desenvolvendo
inúmeras participações na área educacional.
Florenzano escreveu, publicou e comentou inúmeras obras em documentos,
artigos e editais relacionadas ao assunto, e principalmente em destaque o livro
As Revoluções Burguesas, compondo 120 laudas; que relacionarei mais adiante em tópicos
diferenciais.
Na obra A revolução Burguesa,
Florenzano trata de relatar sobre as contradições dos fatos idealizadas por
algumas pessoas e no processo revolucionário, propriamente dito; segundo o autor,
o que mais chama a atenção na revolução burguesa é a pouca participação dos
burgueses no sistema revolucionário.
Assim podemos dizer que a questão trata se apenas de força de expressão,
mas não condiz com a realidade dos acontecimentos; na realidade as revoluções da
época antiga mais considerada, foram à inglesa, ocorrida em 1640 e a francesa
ocorrida em 1789.
Para os filósofos iluministas os burgueses tiveram mais participação
classial do que revolucionária, sendo o liberalismo que deu a passagem para o
capitalismo numa recomposição da sociedade burguesa, devido postura de classe,
e deste modo à revolução resultou em novos grupos sociais e novos sistemas políticos. Dando se por fases e causas diferentes.
As Revoluções na França
(1789-1799)
Florenzano esclarece neste trecho do texto que a revolução francesa foi ocasionada
pelas junções de quatros manifestações distintas: de 1787 a 1789 revoluções aristocráticas;
de 1789 a 1799 revoluções burguesas; de 1789 a 1793 revoluções burguesas e em
1789 a 1794 revoluções burguesas.
Sendo a revolta aristocrática contra a monarquia absoluta quem abriu
portas para que os burgueses se apossassem do poder, e assim contribuindo de
certa forma para a revoltas dos camponeses sobre os sistemas feudais, a partir
disto gerou os ant-revolucionários e, as revoluções dos proletariados, que
praticamente sem a estes ocorridos os burguesa não teriam conseguido penetrar
na Europa.
Cronologicamente a revolução chamada contraditoriamente como burguesa acorreu
ao mesmo tempo com as movimentações americanas, mas o que tudo indica é que só
em 1830 a sociedade européia tornou-se burguesa.
Somente em 1871 com a terceira
republica que os burgueses no geral solidificaram hegemonias e adquiriram
força, porque de 1799 a 1870 aceitavam as reformas naturalmente sem
reivindicação, aceitando até mesmo a ditadura de Bonaparte (ocorrida em duas
etapas, da primeira vez de 1799 a 1815 e da segunda vez em 1851 a 1870).
Deste modo fica claro que muitos teóricos generalizam os ocorridos sem se
dar conta que os fatos ocorreram cada qual há seu tempo.
Na Inglaterra as revoluções foram
industriais, e ocorreram pelas movimentações econômicas, que gerou implantações
produtivas devidas evoluções das maquinas, manufatureiras e sistemas
ferroviários, sendo estas rápidas modificações que causou o enfraquecimento do
ocidente e também o resto do mundo; já na França as revoluções ocorreram por
movimentações políticas baseadas nos direitos de igualdade jurídica e pela
liberdade social e econômica.
O Regime Antigo e suas Crises
Estruturais
A princípio a sociedade capitalista não se comportou como revolucionaria
para derrubar a ordem política, porque não tinha necessidade de se assegurar da
força do estado para preencher seus interesses econômicos e classiais, agiam
mais como reformuladores do que propriamente revolucionários.
A população urbana e rural defendia seu meio de vida, reivindicavam por reformas políticas e sociais de forma participativa. Entre todas as populações, os burgueses foram os mais beneficiados no sistema capitalista e no período de 1770 a 1850 as sociedades ocidentais passaram de aristocratas e feudos para burgueses.
A população urbana e rural defendia seu meio de vida, reivindicavam por reformas políticas e sociais de forma participativa. Entre todas as populações, os burgueses foram os mais beneficiados no sistema capitalista e no período de 1770 a 1850 as sociedades ocidentais passaram de aristocratas e feudos para burgueses.
Os
períodos revolucionários dos burgueses ocorreram em três fases, no século XVIII
na França, sendo considerada como a mais clássica da época e no século XIX na
Alemanha, Itália e Japão e em 1911 na China.
A revolução francesa gerou os novos estados e assumiu comando de hegemonia de novos grupos sociais, libertando-se democraticamente, se diferenciavam das outras revoluções por questões de causas.
Observa se na obra que os historiadores liberalistas concordam com a tese, para eles as reformas ocorreram por ciclos, considerando as revoluções por relações de causas, com caracterização política.
A revolução francesa gerou os novos estados e assumiu comando de hegemonia de novos grupos sociais, libertando-se democraticamente, se diferenciavam das outras revoluções por questões de causas.
Observa se na obra que os historiadores liberalistas concordam com a tese, para eles as reformas ocorreram por ciclos, considerando as revoluções por relações de causas, com caracterização política.
Para o Inglês
Hobsbawn (em sua obra A era das Revoluções de 1789 a 1848) as revoluções
ocorreram em duplicidade; segundo autor a economia do país foi o principal
agravante nas indústrias britânicas, e as idéias revolucionarias deram-se pela
revolução francesa que espalhou a tradição de seus processos políticos
liberalista radicalizando democraticamente o processo dos direitos de igualdade;
e os maquinários da Grã Bretanha européia facilitou como modelo as ferrovias e indústrias
que contribuiu para a expansão econômica e eliminou as antigas tradições
sociais e econômicas do País.
A revolução inglesa marcou o começo da era das revoluções burguesas, na medida em que liberava energias para acelerar o desenvolvimento do capitalista.
A revolução inglesa marcou o começo da era das revoluções burguesas, na medida em que liberava energias para acelerar o desenvolvimento do capitalista.
A revolução
francesa ocorreu em 1789 e as revoluções inglesas em 1640, ambas as revoluções foram
importantes e complexas na história principalmente a nível entendimento de como
os burgueses chegaram ao auge do poder no antigo regime.
O Monarquismo Absoluto
A principio o
sistema político predominante era monarquia absoluta governada pelo rei de
forma arbitraria; e desde Luiz XIV até Luiz XVI o sistema vinha sofreu
decadências, porque esses reis não conseguiam controlar seu reinado, pois só
pensava em seu status poderes e luxurias. Antes
de ocorrer às revoluções francesa o país se mantinha economicamente pelos
sistemas agrícolas e produções manufatureiras, contudo os camponeses eram
explorados pelos regimes feudais.
Desde a idade
média a população era formada por uma sociedade estamental, e já nesta época
existia uma divisão de classe sobre a máscara de estados gerais que eram
divididas em três grupos sociais, o primeiro estado era composto pelo alto e
baixo clero das ordens religiosas, o segundo estado que era composto pelos
nobres e corteses, e o terceiro estado que era composto pela plebe, sendo os
burgueses, camponeses, proletariados, etc.
O primeiro e
o segundo estado eram privilegiados pelo rei e eram isentos de impostos, viviam
custeados pelo terceiro estado, porque tudo recaia sobre eles.
A França
enfrentou uma guerra desastrosa de 1756 a 1763, contra a Inglaterra Guerra dos
Sete Anos, que teve seu inicio marcado pela América, entre colonos franceses e
ingleses; a França foi derrotada perdendo suas colônias, prejudicando a burguesia
mercantilista e enfraquecendo o tesouro real, deste modo os burgueses ficaram
cada vez mais revoltados, então insatisfeito o terceiro estado passou a reivindicar
por reformas políticas.
A Revolução
Florenzano relata que, Luís XVI
foi o principal responsável pela destruição da França, gerando gastos desmedidos
na corte e na guerra. A beira da falência
o rei toma novas medidas tributarias propondo que os impostos também para os
nobres e cleros conforme era feito ao terceiro estado, e mesmo com todas as
problemáticas a nobreza não querendo abrir mão de seus privilégios, recusaram a
reforma, e se revoltaram contra o rei.
Os próprios Parlamentares de do governo absoluto foi contra o regime do rei, gerando uma revolução aristocrática contra o absolutismo, ocasionando crise política e defasagem econômica que também coincidiu com a seca, que não favoreceu as colheitas, que em conseqüência gerou conflito envolvendo o rei, a nobreza, a burguesia e as classes populares.
Os próprios Parlamentares de do governo absoluto foi contra o regime do rei, gerando uma revolução aristocrática contra o absolutismo, ocasionando crise política e defasagem econômica que também coincidiu com a seca, que não favoreceu as colheitas, que em conseqüência gerou conflito envolvendo o rei, a nobreza, a burguesia e as classes populares.
O ministério editou e exigiu que o rei convocasse
Assembléia com o Estado Geral, para votação nos novos projetos de reformas
(baseadas em idéias iluministas), o que não ocorria desde 1627. No dia 12 de maio de 1789 ocorreu a tão
desejada reunião no Palácio de Versalhes que foi organizada sobre imposições de
representantes com o mesmo número para cada ordem e os direitos de voto dado
pela mesma ordem, assim limitariam o poder do terceiro estado, mas os burgueses
desejavam que os votos fossem individuais e por pessoa.
O poder absoluto do rei foi derrotado por com os
votos do 1º. Estado (alto e baixo Clero) e do 2º. Estado (Nobreza da corte),
contra um voto do 3º. Estado (a burguesia e a plebe em geral).
A nova ordem
política mal começou a funcionar e já gerava conflito entre as ordens, pois o
terceiro estado no domínio em pouco tempo já tentava transformar o Estado geral
em Assembléia nacional, e se libertar dos regimes anteriores, e mais
adiante promover uma constituição.
Sobre
a temática iluminista, os burgueses manifestavam, buscando conscientizar toda a
população sobre os direitos de liberdade, igualdade política e econômica perante
a lei; para conseguir colocar os planos em prática firmaram aliança com o
absolutismo. Contudo, o rei sendo contra o plano constitucional (por perder o
poder) acabou voltando atrás e por meio de força conseguiu laços com os aristocratas,
onde formou um forte exercito, com o objetivo de desativar as ordens e resgatar
o poder.
Com
antecipação o rei demitiu o ministro Necker, sobre acusação de estar ligado ao
liberalismo, o considerado como mercenário suíço, ant-revolucionário, tal ato acabou
gerando ainda mais a tensão da população de Paris, que no dia 13 e 14 de julho
ocupou toda a cidade mobilizando qualquer autoridade que encontrava pela frente,
incluindo os soldados; sem apoio o rei volta atrás de sua
decisão.
A partir de então, os camponeses que mantinham - se no
anonimato revolucionário acabou despertando, reagiram com violências movidas
pelo medo, e em defesa de seus meios de vida, pois eram os mais prejudicados
diante das explorações dos feudos e da miséria ocasionada pela seca e pela
guerra; irados os camponeses destruíram, saqueavam e queimavam tudo que
encontravam pela frente, assustando burgueses e a assembléia.
Temendo o pior os membros da Assembléia protegeram-se com seu exercito e realizaram uma reunião com a finalidade de cancelar o regime feudal; no dia 04 de agosto aprovaram os direitos de cidadão.
Na realidade os camponeses já tinham adquirido liberdade por meio de força, a Assembléia só oficializou os fatos por temer que os camponeses tomassem todo o poder.
Temendo o pior os membros da Assembléia protegeram-se com seu exercito e realizaram uma reunião com a finalidade de cancelar o regime feudal; no dia 04 de agosto aprovaram os direitos de cidadão.
Na realidade os camponeses já tinham adquirido liberdade por meio de força, a Assembléia só oficializou os fatos por temer que os camponeses tomassem todo o poder.
A monarquia
Constituinte e a Assembléia Nacional (1789-1792)
Os burgueses tinham o controle político e buscavam inspirações na filosofia liberalista, para realizar seus projetos convocaram no ano de 1791 uma Assembléia Constitucional Nacional, com a finalidade de reformas nos sistemas aristocráticos e feudais, com as intenções sócias- capitalista. Em suas normas legislativas defendiam igualdade e liberdade, como um bem comum de todos, diante da lei (porém diante da capacidade de cada um e que os cidadãos seriam entendidos como passivos e ativos, passivos poderiam usufruir apenas dos direitos civis e o ativo dos direitos civis e político); no setor econômico defendia liberdade de produção e comercialização (sem interferência do estado); no setor religioso estabelecia separar o clero do estado e liberdade de crença e que os bens na igreja seriam confiscados (contudo deveriam fazer um pacto político rompendo com o papado); no setor político defende que o Executivo seria separado do legislativo e seus representantes entrariam por meio de votos (contudo só poderiam fazer parte da comissão pessoas que tinham condições, profissões e estudo); defender eliminação dos sistemas feudais (contudo que sua posse de proprietário fosse assegurada); defende aplicação de impostos para o clero e nobres; defender que o trono da realeza fosse ocupado só por hereditariedade.
. Para que estas normas serem vigoradas,
primeiramente teriam que solucionas três questões pendentes, sendo: convencer o
rei a aceitar o processo revolucionário, o assegurando com o poder nas decisões,
firmando ligações com os sistemas monárquicos, contudo pelos métodos constitucionais,
resolveriam todas as deficiências financeiras com o dinheiro levantado com a
venda dos bens da igreja.
Todos envolvidos na reforma foram contras as
determinações estabelecidas na constituição, de modo que os burgueses
fracassaram em seus sistemas políticos e econômicos, que acabou gerando uma
verdadeira guerra civil em 1792, do qual os maiores interessados num tinham
noções das destruições e intensidades que esta poderia levar.
Na realidade o interesse dos burgueses era substituir a
aristocracia hereditária pela aristocracia financeira e principalmente conter a
força da população de massa sobre suas estruturas econômicas e políticas.
Apesar de suas normativas parecerem ser beneficiadoras apresentam
contradições de sentidos, pois determinam os direitos, já impondo condições.
No mês de
julho de 1791 o rei conspirou contra a constituição, preferindo arriscar a própria
vida ao ter que abrir mão de seu poder e seu clero; em apuros tenta fuga para
Paris com auxilio de outros absolutistas, mas foi preso na fronteira e
encaminhado de volta ficando sobre a vigilância do palácio.
Grupos
partidários de um lado os jacobinos e de outro lado os girondinos, ambos
defendiam o processo revolucionário.
Quando o sistema
aristocrático foi desativado, dele suscitou dois grupos partidários de um lado
os jacobinos e de outro lado os girondinos, ambos eram burgueses e defendiam o
processo revolucionário. Os girondinos representavam a alta burguesia era
apoiado pelo rei protegiam as posições de conquistas e se defendiam da ascensão
de massa dos sans-culottes; já os jacobinos representavam à baixa e média
burguesia, eram mais radicais, sobre a liderança de Robespierre que firmou
aliança com os sans-culutes e os independentes liderados por La fayette, procuravam
ficar no centro do conflito.
Bibliografia
FLORENZANO, M. -
As Revoluções Burguesas. São Paulo: BRASILIENSE, 1981.
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DARLI NORONHA
Filosofia Contemporânea em René Descartes
Trabalho da disciplina história do
pensamento filosófico II, curso de história
SÃO JOÃO DA BOA
VISTA, SP - 2007
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Filosofia
contemporânea em René Descartes
René Descartes nasceu em 1596,
na França, no povoado de Touraine, veio de família nobre, estudou
em colégio de jesuíta de La Fleche,
se destacou como aluno principalmente na disciplina de matemática; foi grande
amigo do Pe. Mersenne, após sair do
colégio, gozou de privilégios: viajou para varias partes do mundo, fazendo
parte do meio social da época e, no período da crise acabou participou da
guerra (gerada pela reação da igreja ao protestantismo, no contra reforma).
Descartes após ter vivenciado conflitos
e problemáticas do meio onde vivia, acabou ficando insatisfeito com seu tudo
que tinha aprendido até aquele presente momento, com seus professores e com as teorias
aplicadas, porque num encontrava lógica por meio destas linhas de raciocínio, pois
para ele eram métodos incertos e duvidosos quanto à realidade de mundo; então, decepcionado
e confuso Descartes decide partir à
procura de novas fontes de conhecimento, por meio das experiências de vida e das
reflexões pessoal, e por meio desses impasses e duvidas acabou descobrindo sua
verdadeira vocação filosófica e cientifica.
A partir de 1619 Descartes começou
a escreveu suas primeiras obras, mas acabou dando uma pausa, com finalidade de
obter mais conhecimento para prosseguir; partiu para a Europa onde estudou com
o físico e matemático Isaac Beeckman,
em Paris por volta de 1626 freqüentou reuniões juntamente com os maiores
intelectuais da época; após algum tempo mudou-se para Holanda onde buscou por tranqüilidade e reflexão.
A principio, após organizar as idéias Descartes
resolveu escrever as seguintes obras: O Tratado
sobre Metafísica e o Mundo, A Dióptrica, Os Meteoros e A Geometria.
Mas ao ter
conhecimento de que Galileu tinha sido impedido de lecionar e condenado pelos
seus novos métodos de ensino, procurou ser cauteloso não publicando sua obra
naquele momento, porque as obras inovadoras não eram bem aceitas pelos contras
reformistas da época que, por sinal utilizavam injustiças e violências para
intimidar os defensores da reforma, como por exemplo: a condenação de Giordano Bruno, que foi queimado vivo.
Somente no ano de 1637 Descartes
publicou O Discurso do Método em
linguagem francesa e mantendo seu nome em sigilo absoluto; nesta obra defendeu
os métodos aplicados, com bases na matemática.
No ano de 1641 Descartes publicou
Mediações, acompanhada das
objeções formuladas por filósofos e teólogos, assim como suas opiniões e, a
partir desta obra ganhou popularidade, por suas brilhantes idéias, mas não
demorou muito tempo foi condenado pelos adversários, mas logo foi absolvido, devido
seu circulo de amizades com políticos influentes; após três anos deste fato, em
1644 Descartes lançou os Princípios da Filosofia em
complementação a suas obras anteriores, sintetizando seu sistema de idealizar
os fatos, e como era uma tradição na época, manteve contato com vários
pensadores europeus, tais como: Gassendi,
Hobbes, Mersenne, Arnald, etc; em 1648
teve contatos especiais com a princesa
Elizabeth da Boemia, a qual se tornou amigo e trocava correspondência, sendo
apoiado e incentivado a escrever A Paixão
da Alma, cuja obra tratava das questões da moralidade; as ideologias de Descartes fizeram tanto sucesso que em
1650 foi nomeado como membro da cortes da rainha Cristina da Suécia. Mas por ironia do destino a vida de Descartes como nobre durou pouco: em
apenas alguns meses o intelectual veio a falecer.
Descartes em seu percurso de
vida foi um aluno de destaque, viajante, soldado, intelectual, racional, nobre
e autor; escreveu várias obras, desde o simples Manual Prático de Esgrima
até as mais sofisticadas obras tais como: O
mundo: Tratado da luz, Regras para a direção da mente, Regras para a direção do
espírito, Os princípios da filosofia, Discurso do Método, Meditações
metafísicas com objeções e respostas, Tratado do homem, Tratado do mundo, As
paixões da alma, Du foetus, Explicação da mente humana e da alma racional,
Geometria, Regulae ad directionem ingenii, Regles utiles et claires pour la
direction de l'esprit en la recherche de la vérité, A Dióptrica e Os Meteoros.
Descarte foi considerado contemporâneo
e pai da filosofia moderna por ser um dos primeiros a influenciar no
desenvolvimento do pensamento cientifica filosófico, procurou apresentar seus
pensamentos envolvendo a relação do passado, para explicar o presente
principalmente na obra Mediação e Discurso do Método, onde justifica
alguns fatos autobiográficos nos possibilitando entender como chegou a tais pensamentos.
Tudo indica que Descartes em sua visão de mundo e experiências passou a valorizar
a razão e a liberdade, embora existam contradições na interpretação de seu
pensamento, alguns acreditam que ele foi influenciado pela escolástica (que
busca fundamento a igreja para explicar o campo cientifico), outros consideram Descartes como reformista filosófico.
Mas o que devemos levar em consideração é sua contribuição para a
passagem dos tempos modernos, pois este gênio foi o primeiro pensador a aplicar
os raciocínios matemáticos ao pensamento filosófico, concedeu à razão um papel
fundamental na busca da verdade; a filosofia em seu conceito gira em torno do
problema do conhecimento, sendo sua meta a indagação, denominada como dúvida
metódica.
Segundo o autor Danilo Marcondes
o método de Descarte foi totalmente
inovador diante das tradições filosóficas existentes da época em O Discurso do método procurou mostrar que
a certeza do conhecimento filosófico foi inspirada na geometria, onde à certeza
do conhecimento é semelhante à matemática, ou seja, composta de regras, cuja
concepção divide-se em quatro partes: na primeira parte, relata sobre a
evidencia, consistindo em “jamais aceitar
coisa alguma, que eu não conheça evidentemente como tal, isto é, em evitar,
cuidadosamente, a precipitação e a prevenção, incluindo apenas nos meus juízos
aquilo que se mostre tão claramente ao espírito, que não subsista razão alguma
de dúvida"; na Segunda parte
a análise: "dividir cada dificuldade
a ser examinada em tantas partes quanto possível e necessário para resolvê-las”;
na terceira parte a síntese (indução):
“pôr ordem em meus pensamentos, começando pelos assuntos mais simples e mais
fáceis de serem conhecidos, para atingir”. “Paulatinamente,
gradativamente, o conhecimento dos mais complexos e supondo ainda uma ordem
entre os que não se precedem normalmente uns aos outros”; na quarta e
última parte as revisões: consiste em
fazer, para cada caso, enumerações tão exatas e revisões tão gerais que
estejamos certos de não haver esquecido nada”. (MARCONDES, Danilo, p. 162).
Neste método apresentado podemos observar que Descarte sempre pronuncia a primeira pessoa no singular para
explicar os fatos de forma diversificada, abstrata, clássica e impessoal;
recusando sempre tudo aquilo que não conhece e que não seja evidente, analisado,
sintetizado e revisado. Para Descartes devemos duvidar até mesmo dos
sentidos, pois freqüentemente eles podem nos enganam, nunca podemos ter certeza
se estamos sonhando ou acordado!
Descarte afirma que, nossos
conhecimentos dependem de duas operações da mente: intuição e dedução. Para ele a "Intuição é a concepção que uma mente não anuviada e atenta nos dá
tão pronta e claramente que deixamos de ter qualquer dúvida acerca daquilo que
compreendemos”, e em sua concepção a certeza dos fatos são evidente podendo
ser analisado e sintetizado, como por exemplo, na frase: Penso, logo existo! Equivalendo à fórmula: "Sou, portanto penso", neste caso trata a estrutura
reversível, na qual o ergo constitui o eixo de reversibilidade.
No entanto podemos constatar que a teoria do cogito de Descartes, não
representa um ato de nascimento; na filosofia chamamos de idealismo, ou seja, o
sujeito como pensante e suas idéias como o fundamento de todo conhecimento.
Por meio desta análise chega se a conclusão de que René Descartes em suas ideologias filosóficas, não deve nunca ser considerado
como um cético e sim como racionalista metódico e cientifico que buscou as certezas
dos fatos embasados nos processos matemáticos, criando regras para compreender
o mundo, onde as duvida da existência do universo exterior não gera duvidas da
existência dos estados de consciência.
LEROY, Máximo; LANDORMY, P. – Descartes. Tradução
de José Pérez, São Paulo, Ed. Cultura Moderna, 1936.
MARCONDES, Danilo – Iniciação a
História da filosofia, dos Pré-socráticos a Wittgenstin, 10ª Edição, pp. 160-
175, Rio de Janeiro Ed. Jorge Zahar, 2006.
PADOVANI, Humberto; CASTANHOLA,
Luiz – História da Filosofia, 6ª. Edição, p. 233,
São Paulo, ed. Melhoramentos,
1964.
VITA, Luis Washington – Momentos
decisivos do pensamento filosófico, São Paulo, ed. Melhoramentos, 1964.
http://www.sitedoescritor.com.br/sitedoescritor_filosofia_00005_descartes.html
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Trabalho da disciplina
cultura, práticas, sociais
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DÁRLI NORONHA
TRABALHO
IDENTIDADE NACIONAL
territorialidades II, curso de Humanas história
SÃO JOÃO DA BOA
VISTA, SP - 2007
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IDENTIDADE
NACIONAL
O objetivo deste trabalho é
tentar entender as questões de identidade e como estas se formaram diante das
situações determinantes, porque normalmente o que ocorre com muita freqüência é
que, as pessoas se vêem apenas como um símbolo ou um objeto de
manipulação, pois muitas vezes as realidades apresentadas não são tão visíveis
e concretas diante dos olhos, existe uma cortina que nos impede de olhar as
coisas como realmente são, é preciso que se obtenha o conhecimento para ver o
outro lado da realidade.
As análises dos fatos nos
possibilitam entender que a princípio a identidade nacional brasileira
foi amparada num conceito de igualdade, harmonia, liberdade e proporcionalidade
nos grupos sociais e étnicos de forma unificada, sendo construída por meio de um conjunto de valores, da qual nos denominaram
brasileiros; contudo se buscarmos as origens para obter uma resposta mais
clara, vamos compreender que, as questões de identidade não podem ser
generalizadas em um todo, pois existem inúmeras divergências, como por exemplo:
A afirmação de que, quem vive no Brasil é brasileiro, esta errado, pois, aqui
também vivem estrangeiros; a afirmação de que carnaval e samba e futebol é coisa
de brasileiros, está errada, pois existem muitos brasileiros que não gostam de
samba, carnaval e nem de futebol e assim por diante, como podemos observar
existem muitas particularidades e variedades que se diferem uma da outra em
questões de identidade.
Com base nas ideologias cientificas podemos entender que, desde o principio,
na época em que o Brasil foi conquistado, algumas pessoas a seu próprio modo
registravam situação de forma simbólica para descrever os fatos, insinuando ser
reais, como por exemplo: a carta de Caminha ao rei de Portugal relatando a
suposta descoberta do Brasil. Outro fato
que chamou atenção nesse sentido foi à obra de arte pintada por Victor Meirelles datado em 1859, retratando
a primeira missa realizada no Brasil; nesta obra o artista procurou representar
a cena (a sua visão), sendo pela ordem religiosa, portugueses e índios, onde
dividiam o mesmo espaço como se tivesse igualdade natural diante dos olhos de
Deus, e que este grupo representado também eram os responsáveis pela formação
de nossa nacionalidade, porque foram os primeiros a constituir a sociedade do
Brasil.
Contudo fica visível que tal iconografia nada mais representa do que, um
mito ilusório onde já era representado no passado o que viria a ser o presente;
sabe-se que nesta época os negros e os índios não tinham direito de cidadania e
além de tudo existiam muitas diferenças sociais e étnicas.
As metáforas das identidades ao longo do tempo foram constituídas por
meio de símbolos e crenças, os mitos de identidade nacional confundiram tanto,
a ponto de gerar aceitação, porque as pessoas alimentavam a esperança de uma vida
mais harmoniosa, sendo assim acabaram enraizadas até mesmo pelas idéias
modernas da revolução francesa, sobre o dilema de igualdade, liberdade e fraternidade. Contudo podemos afirmar que, o que existe é
uma ilusão dos fatos: porque na realidade o Brasil e principalmente nossas
identidades foram constituídos por um conjunto de desarmonias e desigualdades
plurais.
O que ocorreu no percurso da história é que, as forças majoritárias trataram
de excluiu a história de alguns para compor as histórias de outros, a memória
oficial se impôs de forma que acabou eliminando as pessoas comuns, negros e
pobres, da história, para vangloriar brancos, ricos e heróis; não levando em
considerações a existência de inúmeras situações e características para poder
identificar uma identidade de nacionalidade.
Deste modo às analise dos fatos nos deixa visível que a identidade não
pode ser linear em uma proporcionalidade na formação cívica cultural do Brasil.
O tema identidade chegou a ser tão polemico que vários autores se
dedicaram às questões para obterem algumas respostas mais claras, como podemos
observar alguns conceitos abaixo.
O professor Decca em seu artigo
analisa que, para o autor Von Martius
a história deveria abranger o conjunto da civilização cultural das três raças,
brancos, índios e negros, e Sergio B. de
Holanda tendeu a concordar com a tese, embora atribuísse que a maior
responsável pela nossa cultura brasileira seja atribuída aos portugueses, por
ter sido dominante.
Na ótica cientifica, a identidade nacional foi construída embasada nas
idéias ilusórias e por meio dos símbolos mitológicos, e estes princípios foram
os responsáveis em influenciar as pessoas de que, as origens da identidade
nacional foram constituídas em conciliação com a igualdade, harmonia, liberdade
e proporcionalidade de forma unificada de um todo. Observa-se que até mesmo o próprio sistema
normativo de cidadania é ambíguo e confuso, muitas vezes acabam acortinando as
problemáticas das questões da identidade não deixando espaço para manifestação
da pluralidade dimensional, que na realidade esta se compõe.
Para melhor entender as questões de identidade, primeiramente devemos
retornar ao passado e suscitar a história de forma coletiva, resgatando a
diversidade e a pluralidade dos seres humanos, pois só assim poderemos questionar
os valores.
A criação de símbolos para identificar a identidade nacional influenciou as
idéias de um Brasil emancipado pela cidadania, e também impregnou a memória
coletiva da igualdade substancial “politizada
pelas revoluções francesa do século XIII” (Decca, p.14).
A simbologia da identidade nacional no artigo de Decca aponta que, José de Alencar escreveu a idéia de
liberdade vinculada ao mito da natureza da mestiçagem e da proporcionalidade
nas ordens de superioridade, subordinações e adaptações ao meio; onde podemos
observar o drama do índio Peri que movido pelos sentimentos teve que abrir mão
de sua liberdade e se submeter a outro tipo de vida.
De Getulio Vargas, Decca supõe
que talvez tenhamos herdado a simbologia da identidade nacional devido tendências
desencadeadas de igualdade natural, e, nos USA
ao contrario, conforme salienta a antropóloga Lívia Fonseca os símbolos de identidade nacional em qualquer parte
do mundo é representado pela estatua da liberdade e não pela igualdade natural,
para os nortes americanos a igualdade é um valor que depende de conquista e negociação
entre os cidadãos, as leis de igualdade para eles referem-se aos direitos e não
aos fatos já a liberdade prevalece acima de tudo, (de modo que pode ser
entendido como desrespeito aos verdadeiros direitos de cidadania).
Os símbolos na realidade assinalam apenas datas e heróis instituídos pela
memória histórica numa criação coletiva, onde os bens imateriais acabaram
constituindo o patrimônio cultural brasileiro; mesmo que os diversificados
grupos tenham outras idéias não são reconhecidos, existem apropriações de
idéias e subordinação pela identificação da memória de forma unificada, onde os
processos infelizmente ainda consistem e limitam criando fronteira, excluindo a
história dos vencidos, pobres e fracos, prevalecendo na história os fortes,
brancos e heróis. A forma como a memória
oficial se impôs é ardilosa, pois se constrói a memória da história pela formação
de brancos, altas sociedades e pessoas notáveis, eliminando outras memórias,
como por exemplo: as dos negros, pobres, judeus, caipiras, etc.
A legislação brasileira no século XX reconheceu o patrimônio histórico,
porém referenciando apenas a preservação dos bens imateriais, dos saberes,
celebrações, formas de expressões e lugares, contudo mostra de forma implícita
que a história dos vencidos não deixa seus registros materiais, a não ser
memória de suas expressões simbólicas, tais como festas, comemorações, ritos,
etc. Para Decca estas referências de identidade foram as forma mais agressiva
que os políticos adotaram para preservar o reconhecimento da memória da
história, pois acabou ocultando apagando e destruindo as marcas e os registros dos
bens materiais e culturais dos vencidos, estimulando que se mantenham as
tradições antigas, invés de constituir uma dimensão acabou por unificando a
identidade nacional, num caráter astucioso, de modo que, renunciou a pluralidade
para atender seus interesses, consolidando a memória em vias de esquecimentos.
Decca critica o sistema
político, procurando apontar falhas nas normas legislativas de cidadania,
porque generaliza os fatos para identificar a nacionalidade; e para ele existem
variáveis de características para identificação, visto que, a idéia de harmonia
é subjacente, a noção de conjunto ao qual chamamos de Brasil, pois os mesmos
símbolos e valores pátrios sempre foram gerados por tensões, conflitos,
desacordos, etc, entre as pessoas que compõem este conjunto chamado Brasil,
portanto está muito longe de ser harmonioso.
Quanto ao conceito de proporcionalidade, Decca atribuir que cada parte de nossa história contribuiu para a
confecção do conjunto étnico da identidade do Brasil.
Esta imagem de equilíbrio e harmonia e proporcionalidade na história da
identidade nacional, segundo Decca, já
ganhou consistência na memória nacional, que ainda nos dias atuais são
assinaladas e atuam nos jargões da nacionalidade; esta temática esta presente
em várias abras de muitos intelectuais de prestigio e mesmo assim ainda não
deixou de ser irônico, num país onde as desigualdades socioculturais são
visíveis a olhos nus.
Em análise podemos notar que as questões de identidade nacional foram
abordadas por vários escritores, por diferentes pontos de vista.
Na visão do professor Antônio Cândido
a Dialética da Ordem e da Desordem, esta
presente na obra Iracema de José de Alencar, e no enredo da história
observa-se que predominou a Ordem,
cuja obra segue uma linhagem européia, onde o passado histórico brasileiro se
apresenta apenas como argumento literário, proporcionando uma explicação até
aceitável para a época em questões de sentimentos e romance, mas em questões de
realidade tratou de omitir tudo que envolvia as questões, pois José de Alencar na obra Iracema, procurou conciliar duas
culturas e dois grupos diferentes, onde a índia Iracema por amar demais um
homem branco, submeteu se a ele transformando sua vida, trocando a liberdade
pela escravidão juntamente com seu inseparável irmão Poti (antes este era um
grande guerreiro), ambos de certa forma passaram a ser servo de Martim (esposo
de Iracema), senhor branco responsável pela civilização da tribo, e da união
com a índia Iracema gerou o mestiço Moacir.
O que podemos observar na analise de Antônio
Cândido no romance de Alencar é
que as partes ruins da historia que
envolviam injustiças e violências na civilização foram omitidas, sendo assim,
conclui que, os argumentos de José de Alencar na representação do Brasil, de
certa forma até atingiu o romantismo, porém seu estilo de escrever se
assemelhou com os modelos europeus, porque excluí a realidade que envolveu os
fatos na história.
Na visão de Antônio Cândido, Manuel
Antônio de Almeida na obra Memória de
um Sargento de Milícias, mesmo sendo da mesma época que Alencar apresentou
algumas características notáveis, que ultrapassaram o idealismo romântico da
época: apesar de envolver ficção, no enredo de sua história, Leandro o
personagem principal assume uma característica anti-heróica; e como podemos
notar estes fatos normalmente não ocorriam nos romances antigos, neste caso em
especifico o protagonista da história acabou desmistificando a figura de um
herói romântico, revelando-se numa classe social de Ordem e Desordem, onde ambas as situações transitavam juntas; num
mundo sem culpa, onde não manda, mas que consegue viver, se assegurando nas oportunidades
e sobras de migalhas dos senhorios.
Evidente a obra Memória de um Sargento
de Milícias de Manoel Antonio de Almeida não tratou de transpor a
sociedade brasileira para memórias, a obra simplesmente pressupõem um panorama
histórico da classe intermediária do Brasil, supondo a existência de uma
realidade mais concreta que é o das classes sociais predominante.
De acordo com o critico Antônio Candido, além da
intuição histórica vista na dialética da
Ordem e Desordem Almeida representa
na obra Memória de um Sargento de Milícia,
a presença do aspecto cultural e folclórico de forma popular, visto que nesta
mesma dialética apresentada o personagem principal da historia pode ser
identificado também na figura do malandro e do esperto, devido às dificuldades
enfrentadas.
As características do autor Almeida
tratam as questões com imparcialidade ao representar o Brasil da classe
intermediária, onde problematiza os fatos, englobando o enfoque cultural e
histórico de uma classe que passava despercebida aos olhos estéticos dos
romancistas tradicionais.
A obra O cortiço de Aluízio de
Azevedo, para Antonio Candido, foi
assinalado pelas problemáticas sociais ocorridas pelos processos acelerados das
industrializações, pelos movimentos capitalistas; focando os grandes centros
urbanos para representar o modo de vida; embora o autor focasse alguns pontos
em especifico do centro das grandes metrópoles para relatar a historia,
procurou buscar fatos reais para explicar algumas questões da nacionalidade.
Antonio Candido relata que na
obra Macunaíma de Mário de Andrade pode
ser encontrada a forma mais consciente de questionar a nacionalidade, pois o misticismo
e o lúdico assinalaram esta obra, de forma surpreendente, onde, o fantástico
desliga-se dos juízos de valores que contaminaram as visões, romântica e
naturalista sobre a identidade brasileira. Segundo
Antonio Candido este sistema de expor
a historia, possibilita que o leitor dimensione a reflexão acerca daquilo que possa
explica a sua própria cultura brasileira, a modernidade é marcada por diversas
características, entre elas pode-se destacar a pluralidade, assim foi abordado
o personagem Macunaíma: como um herói múltiplo, constantes e variável, entre o
bem e o mal.
A nossa identidade começou a ser
forjada, por volta do século XIX, em cunhos ideológicos de um Brasil enraizado
na democracia e nos diferentes interesses políticos, capitalista, social e
cultural. De forma que estreitou
os horizonte de conhecimento que possibilita a compreensão.
No conceito de Parmênides, “o mundo se dividiu em fenômenos
superficiais e essenciais e se desmantelou o regime de poderes míticos
arbitrários”, a busca da definição daquilo que faz com que uma coisa seja
aquilo que ela é, e o fato que acarreta a pergunta acerca da essência das
coisas e das diferenças em relação a outras, ou seja, a identidade de algo implica
sua diferença de outras coisas; sendo assim a definição de identidade descrever
tanto objetos, como, por exemplo: o corpo humano, quanto agrupamentos humanos,
as comunidades ou nações.
Para José
Mattoso as identidades não têm o caráter exclusivamente construído, além do
mais repousa sobre um suporte físico-geográfico e histórico-político; a identidade
nacional não é só um fenômeno existente
na mente, pois sempre está apoiado de
um objetivo, praticamente sem
apresentar forma política definitiva, ou
seja, em nenhum momento da história poderia
existir manifestações de posse, poder e autonomia, sem que existisse o
um pólo, um espaço territorial.
Nota-se que, o tempo, a autonomia
política continuada, a territorialização na visão de Mattoso são fatores
importantes para a solidificação e aprofundamento da identidade nacional.
O
autor Jessé Souza, apresentou em sua
mais recente obra, A Modernidade Seletiva
seguindo um novo panorama para explicar as problemáticas de nossa identidade
nacional.
Em sua obra
tratou de fazer uma nova análise e relacionar seu conhecimento com o dos
intelectuais: Max Weber e Norbert, Habermas e Honneth, Charles Taylor, Buarque de
Holanda, Matta e Gilberto Freyre, etc. Por
meio da análise Souza tentou explicitar
as singularidades que envolveram a sociedade, cultura, política e comunicação e
como esta se processou no Brasil, englobando também os conceitos de herança ibérica,
personalismo e patrimônio, a qual exerceu forte influência sobre o pensamento
social, ou seja, sobre nossas próprias reflexões. Souza concluiu em sua análise e afirmou que, as questões
sociais foram influenciadas principalmente pelos Estados Unidos.
Anthony
Giddens em sua obra Modernidade e
identidade foram caracterizados por radicalizar seu estilo de escritor; para
fundamentar seu conceito sobre a identidade, procurou apresentar fatos
exclusivos fugindo a tradição de se orientar em outros autores contemporâneos
nas questões sociais, ao refletir sobre a sociedade, procurou buscar explicações
das relações de sua própria experiência, analisando as transformações dos
conceitos de identidade a partir do rompimento com uma ordem dita tradicional,
ao romper com os métodos preestabelecidos, argumentou que o conceito sobre a
identidade atualmente é mutável, possibilitando que o individuo seja cada vez
mais reflexivo e individual na organização dos pensamentos, capaz de planejar e
criar estratégias por si próprias; em seu conceito esclarece que, a principio as
sociedades tradicionais se acomodavam nas idéias porque de certa forma eram
limitada pela própria tradição existente do meio onde vivia.
Anthony procurou abordar em sua
obra os assuntos relacionados com a psicologia do eu, com as questões de
identidade, buscando realizações pessoais, e ao tomar essa direção conseguiu
aproximar mais o leitor na compreensão das relações entre a modernidade e os aspectos
mais pessoais de existência.
Após
leitura da obra Modernidade e identidade de
Giddens fica impossível negar que seu
conceito é de tamanha importância, no entanto deve ser considerado, pois o
autor focou principalmente a sociedade contemporânea, propondo subjetividade,
de forma crítica, analítica e consciente.
Resumindo, para Giddens num
existe um método ou ordem definitiva para o individuo entender sua identidade,
portanto cabe a ele próprio escolher e decidir no que acreditar, existindo
variações de conceitos, mas para ele cada um realiza a sua síntese pessoal e
desenvolve o seu projeto reflexivo individual.
Os argumentos apresentados por Giddens
nos levam a crer que, para compreender a nossa identidade devemos buscar
nosso próprio eu dentro da historia, envolvendo os campos multidisciplinares.
Conclusão
Nesta análise chega-se à conclusão de que a identidade social, não poderia
existir sem memória e, para entender outras questões que envolvem a identidade,
primeiro tenho que entender a minha identidade pessoal, situando-a no espaço e
no tempo, de minhas relações sociais, culturais, meios de convivência, etc. No caso, o objeto da história é a própria
essência do homem; sendo assim nossas identidades foram construídas cada qual
com suas particularidades, dependendo muito das nossas relações com o mundo,
devemos sempre buscar nossas próprias
histórias para nos identificarmos diante do mundo e compreender que, as
questões de identidade não podem ser generalizadas em um todo.
Tendo consciência da existência
de inúmeras divergências e idéias preestabelecidas capazes de acortinar os
verdadeiros significados das coisas, se faz necessário que a identidade seja
questionada partindo si próprio, porém é muito importante que sua visão
seja ampla e múltipla, porque o sujeito que não faz questão de sua memória de
sua história situado na atualidade, acaba abrindo mão de sua própria
identidade, submetendo-se a uma identidade indeterminada (de outros) de forma paradoxal,
por fim acabo mergulhando seu eu num passado remoto onde as cortinas vetam os
olhos diante da realidade.
Bibliografia
DECCA, Edgar, Salvadori: Caderno Cede
Dep. de História da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), v.22, nº 58,
pp. 7-20, dezembro, 2007.
GIDDENS,
Anthony: Modernidade e identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
LAVALLE, Adriana
Gurza: Vida Pública e Identidade Nacional: Leituras Brasileiras. São Paulo,
Ed., Globo, 2004.
MATTOSO, José: A
Identidade Nacional. Lisboa, Ed. Gradiva, 2001.
SACRAMENTO, S.
M. P do. Nação, identidade e gênero na literatura brasileira. Rio de Janeiro:
Caetés, 2004.
SANTANA, S.
Gislaini: Revista Uratágua – Revista Acadêmica Multidisciplinar, Dep. de
ciências Sociais, Universidade Estadual de Maringá, Ed. Nº 09 (abr, mai, jun,
jul.) Maringá – Paraná – Brasil, ©Copyright 2004.
SOUZA, Jessé. A
modernização seletiva: uma re-interpretação do dilema brasileiro. Brasília:
Editora Universidade de Brasília, 2000.
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